20160108

ÁGUAS SELVAGENS

Eu chego da geografia do apocalipse
do silêncio da água onde me resisto lascivo à mutação,
asas nos braços e penas nas mãos
patas nas pernas e cascos nos pés.

Eu chego perdido entre a infância e o silêncio,
do mistério trágico da água que corta a espera,
nascente na testa e enchente à margem do nariz
– e a seca tão rude se prolonga e atinge o norte da memória.

Eu chego e espero a légua quebradiça do destino
e dentro de tudo que é faro, me aprisiono na água!