20100918

RÉQUIEM

meu chão
é o gado pastando
na margem do rio paranaíba
remoendo capim verde
e traçando nas pisadas fortes
a infância de meus pés
crianças

o menino de estilingue
que não matou passarinhos
o menino de calça curta
a galopar na velha égua pampa
e buscar na manga da vargem do rio
os bezerros e as vacas leiteiras
mansas ou doidas
daqueles matagais
daquele sertão paranaíba

oh meu chão
minha terra paranaíba
onde tantas tardes de vento puro e livre
esperei uma cigana
para ler e até mesmo inventar
os traços marcados
em minhas mãos

oh chão da minha vida
águas sensuais do virginoso rio
da minha paranaíba
guarda para mim
a infância
dessa lonjura de lá